Skank presenteia Londrina com o som contagiante que regeu seus 30 anos

No último sábado, dia 3, vi ao vivo mais uma banda pela qual ansiava, ainda mais por ser a turnê de despedida – se não definitiva, sem tempo marcado para volta: o Skank. Dos conjuntos do rock nacional, a banda mineira é a que me ligo mais fácil. Identifico-me com a sua sonoridade, energia, com os elementos que lhe atribuem uma cara bem brasileira. Suas influências do reggae, do pop, que desaguam em um rock autoral e autêntico. Certamente Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) não são os maiores roqueiros do Brasil – e são muitos de destaque no gênero originário dos nossos coirmãos americanos do norte. Meu modesto posto mais alto no assunto vai para o baiano que fez o que ninguém fez, disse o que ninguém disse e assim também viveu: Raul Seixas. Quando falamos de Skank, a composição do som é outra. O rock pode ser muitos. Skank tem o seu rock.

Liderado por Samuel, grande artista: cantor, instrumentista, compositor, de presença marcante. A seus lados, Portugal e Zaneti proporcionam a base instrumental e compõem as canções com os vocais de apoio, enquanto que Ferretti dá o ritmo, da cozinha. Grande marca da banda são seus metais, de que desconheço a autoria. Mas quem aprecia estes instrumentos sabe como podem transformar uma música. A primeira da setlist que destaco, “É uma partida de futebol”, ecoou pelo salão do Centro de Eventos de Londrina (PR), que sediou o Skank por aqui. Composição altamente conhecida, trouxe-me sensações mais latentes, entre as quais o transporte à partida de futebol narrada. Samuel Rosa solta:

– Ôôôô, bola na trave não altera o placar – E o resto pode ficar por conta da galera:

Bola na área, sem ninguém pra cabecear

Bola na rede, pra fazer um gol

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

Eu já. E quantos ali presentes, também? Em ser o craque que vai levando o time todo pro ataque? Ou então, o centroavante, o mais importante? Que emocionante é uma partida de futebol, e o show desses mineiros de BH! Os londrinenses aguardaram muitos anos pela volta do Skank. A resposta veio com um público de 5 mil pessoas. Do palco ao público e vice-versa, a alegria era intensa e quebrou tudo em “Vou deixar”, cantada pela plateia com o maior entusiasmo, entre a lista. Em algum momento, quem é que não quer deixar a vida levar, pra onde ela quiser? Nem que seja no show do Skank, só mesmo de gogó! É pra isso, a arte. Ferreira Gullar já nos deixou que “a arte existe porque só a vida não basta”. E as questões íntimas ou a extravagância que habita em nós, liberamos pela música.

Minha mais esperada, “Três lados” esteve também entre os melhores momentos. É dessas músicas muito felizes em tocar aquilo que há em nós de vida e amor. Skank é uma banda de clássicos, como me disse a Paulinha, minha namorada, na saída do show. Nem sempre são composições primorosas, mas contagiam e estão gravadas na mente até de gente que nem sabe muito bem quem é o Skank, mas sim, ouviu seu nome durante os 30 anos de carreira, agora interrompidos. “Saideira”, “Jackie tequila”, “Vamos fugir”, entre outras, estão aí pra reiterar. Já previa a falta de uma das minhas preferidas, “Eu disse a ela” (curte aqui), que em nada diminui um showzaço de cerca de duas horas e meia, emocionante do início ao fim. Samuel disse que nem nos melhores sonhos, imaginariam tocar para 5 mil pessoas em Londrina, ao final de três décadas de estrada. Para nós, era mais que óbvio.

Registros do show memorável, pela minha fotógrafa preferida, Ana Paula Cavalheiro.

Publicado por Fábio Blanco

Jornalista, natural de Londrina (PR), que quer explorar o que o encanta no mundo através da escrita. Apaixonado por futebol, música e pelas belezas do cotidiano, em detrimento das suas regras e poderes. Humano, acima de tudo.

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