Depois de algumas crônicas publicadas neste blog de pesar, de desabafos em relação à pandemia e sobretudo da maneira criminosa como foi encarada pelo ainda presidente do Brasil, esta tem cunho não apenas festivo mas vitorioso: os festivais voltaram! Eles mesmo, que reúnem milhares de pessoas em um mesmo lugar, em total aglomeração, para curtir shows musicais. Evidente que a vitória ainda não é total, a covid continua à solta. Mas o que com deleite presenciei no João Rock – já conhecido e importantíssimo festival brasileiro realizado anualmente (com exceção de 2020 e 2021) em Ribeirão Preto (SP) -, em um sábado de junho, foi a festa do reencontro das bandas brasileiras com o público, a emoção e a volta à liberdade proporcionada pela música, após as doloridas amarras sanitárias.
Vinte apresentações de bandas e artistas solos dividiram-se em três palcos, para um público de 70 mil pessoas. Isso sem falar nas diversas outras atrações que tinham lá – tirolesa, roda gigante, karaokê, pista de skate etc. Ótima organização, dada a 19ª edição do festival. Apresentaram-se nomes pesados como Titãs, CPM 22, Barão Vermelho, Emicida, Criolo, Pitty, Nando Reis, meu queridíssimo Tremendão Erasmo Carlos, entre outros e alguns não tão conhecidos do grande público. Mais especial ainda porque foi minha estreia em um festival desse tamanho, e pude atestar que sobretudo nas horas finais, as pernas doem e o cansaço é inevitável, mas como tudo que há de melhor, vale muito a pena!
Assim como valeu demais sair de Londrina, onde moro, para enfrentar os 473 km de uma estrada reta toda vida até Ribeirão, e depois de todo um dia de festival, pegar a mesma rota de volta pra casa no dia seguinte. Rolê que – também como todos os bons – ficou muito melhor com a companhia da galera! Fomos em 13 pessoas, que claro se dissiparam logo no início do festival. Da Paulinha não me separei e juntos fomos acordando a quais shows iríamos assistir, já que alguns eles iam ocorrendo simultaneamente, em palcos diferentes. Ao chegar no início da tarde, consegui pegar a música derradeira do Gabriel O Pensador. No mesmo Palco Brasil – Rio de Janeiro, vi o Erasmo, do qual, ao menos da minha turma, eu era o mais entusiasta. Acima de tudo, por ser Erasmo, histórico sobrevivente da Jovem Guarda, e que da forma que eu adoro, rasga o peito nas canções.
Pouco durei ali porque Paulinha queria ver Humberto Gessinger, da antiga Engenheiros do Hawaii, que subiria ao Palco João Rock, o principal, alguns minutos depois do Tremendão. Bom show de Gessinger, sem empolgar, assim como as outras atrações da tarde. Claro, os pés no peito ficaram guardados para quando a lua estivesse lá, iluminando o momento. Dos conjuntos que não conhecia, a queridinha dos meus amigos de viagem era a Lagum, que começou o show pouco depois do ex-vocalista do Engenheiros, no Palco Fortalecendo a Cena, com as bandas menos conhecidas. Mas o show dos caras estava lotado, era difícil aproximar-se. Ficamos brevemente e voltamos ao Palco João Rock, para ver nada menos que os Titãs – e aí, já na fantasia da noite, vieram as primeiras sacudidas do grande festival.
Clássicas que perpassam décadas, mais lentas, mais pegadas, fazem os Titãs agradarem a todos ali ou a maioria. Na sequência veio ninguém menos que CPM 22, banda que anos atrás eu dava como acabada, mas ela ressurgiu na estima do público, ou fui eu quem dormiu no ponto. Paulinha e eu concordamos que foi o melhor show, afinal, foi o que mais mexeu conosco – pela memória afetiva de adolescentes que cresceram ouvindo as composições da banda paulistana, mas também pela energia desprendida pelo conjunto, e sempre puxada pelo seu vocalista Fernando Badauí, que não se envergonhou em admitir a emoção pelo momento histórico. A sensação, da plateia, foi a de estar vivendo um novo mundo. Desacostumei-me em estar no meio de tanta gente, música alta, tanta coisa massa num só lugar.
Acabado o CPM, rumamos de novo ao Palco Brasil, onde tocaria a ex-banda de Cazuza e Frejat, Barão Vermelho. Por um delírio, achei que Frejat estaria lá, mas o vocalista era Rodrigo Suricato – e que show ele e a banda fizeram! Conheci o grande cantor e músico que é Suricato, e o Barão, este continua a toda! Showzaço, que acompanhamos até o final antes de voltar ao Palco João Rock para ver Pitty e Nando Reis juntos. Uma vez fui a um ótimo show de Nando Reis aqui em Londrina, então ansiava por ver Pitty, mulher que faz rock’n’roll na essência – para mim, o destaque da apresentação. Suas músicas como “Máscara”, “Teto de Vidro” e “Equalize” estavam na memória e no gogó do povo, e ecoaram no parque de exposições de Ribeirão, naquela noite. E na sequência, para fechar com chave de ouro, a combinação Emicida-Criolo-Céu.
Emicida, hoje, é provavelmente o mais pop deles, no sentido de popular, mesmo. Está em programas de TV, opina sobre diversos assuntos e tem a simpatia de todos, com méritos. Intitulou o João Rock, ao microfone durante o show, como “o festival mais foda do Brasil, que não precisa de gringo nenhum pra acontecer” – soltou o rapper, enlouquecendo seu público. Criolo já havia feito-me admirá-lo em uma apresentação de anos antes, em Londrina. Poderia defini-lo como um artista completo, com composições tocantes, musicalidade original e muito brasileira, além de ser cantor de primeira! O cara canta, e não é pouco. Céu é ótima intérprete e deferiu junto aos seus parceiros, socos de arte que nos levaram ao nocaute – não precisávamos de mais nada. Em 2023, 20º João Rock, poderia replicar o que compôs Cazuza e hoje canta Rodrigo Suricato: “mais uma dose? É claro que eu tô a fim…”
Momentos do grande dia, pelo olhar da minha fotógrafa favorita, Ana Paula Cavalheiro:





Oi Fábio, muito legal seu post. Das bandas e cantores que você citou, eu não perderia Titãs e o Tremendão. Ainda mais se ele estivesse com o Ney Matogrosso cantando o refrão: ” Mesmo que seja eu, um homem pra chamar de seu …. ” E dos Titãs, de certo não faltou Bichos Escrotos , né ?
Desse tempo, a minha canção hino era ” Inútil ” do Roger Moreira, porque dava voz ao meu momento de total inutilidade ! heheheh
Quem sabe ano que vem vou no João Rock 2023?
A sede varia ou é só em RAO ?
abraço
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Querido Rui, obrigado pelo comentário!
Te confesso que queria ver mais o Tremendão, mas minha namorada me puxava pra ver o Gessinger.. ainda bem que já tinha visto um show dele aqui em Londrina, hehe.
Bichos Escrotos teve como não podia deixar de ser, e a que mais curti foi Flores.. pancada! hehe
Rui, você ia adorar! É sempre em Ribeirão, que se não estou viajando, fica bem entre Londrina e BH, né?! Seria um ótimo ponto de encontro nosso! hehe
PS – Conseguimos segurar seu Galo ontem hein?! Pra nossa situação foi quase uma vitória, hehe.
Abração, meu garoto!!!
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Oi Fábio, sim RAO fica no meio do caminho. Quem sabe né? Mas sou meio devagar com festivais … só se tivesse um MPB Shell de novo ! hehehehe
Aqui… o Ceni fechou bem o seu time, como se não bastasse os reservas, vocês perderam o Reinaldo logo no começo . Agora se foi pênalti ou não no Hulk, acho que não foi …. abraço
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Nossa, tô doido pra pegar um de MPB, cara, ou um show grande que seja.. vai ser demais. Sobre o jogo, fiquei orgulhoso do São Paulo, o Rogério tem mostrado repertório de um ótimo técnico. Outra coisa, o Hulk joga pra cacete, mas reclamou sem razão e tentou ganhar no grito. Conto com ele e com o seu Galo pra eliminar o Palmeiras na Liberta! Abração e obrigado de novo, meu amigo!!
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