Todas as graças que quem não corre nunca vai saber se não começar

O mundo como conhecíamos anterior à pandemia já trazia à tona questões a serem fortemente analisadas individual e coletivamente. A rotina corrida de trabalho, as exigências profissionais, compromissos, tudo com o que estamos acostumados já causavam impactos negativos na vida das pessoas. Já se falava muito mais em depressão, ansiedade e outros transtornos emocionais, que, assim como tudo depois da pandemia da Covid-19, cresceram proporcionalmente. Não bastassem as incertezas, o medo, a perda de entes queridos e conhecidos, somos obrigados a ingerir goela abaixo o desgoverno e a ridicularização do povo brasileiro diante do caos. Os não negacionistas sabem como está sendo viver nesses tempos.

Mas, este não é um texto de cunho pessimista. Venho é compartilhar um remédio contra tudo dito acima, totalmente natural, gratuito, sem efeitos colaterais e disponível a qualquer hora: a corrida. Se você não é dos mais adeptos ao exercício físico, ou até avesso como já vi alguns se pronunciarem, dê-me ao menos a chance de dizer o porquê do gosto por correr. Isso mesmo, correr é muito agradável. Muitas vezes não é tão fácil começar, pegar o tênis, trocar de roupa, sair de casa – ainda mais nesse friozinho de outono, não é mesmo? -, os primeiros cinco minutos… De fato, nem tudo são flores na corrida, mas com um pouco de insistência, logo começam a aparecer as benesses deste exercício que é uma viagem para dentro de si, como diz o meu grande inspirador da corrida, meu avô Nei.

Como outros bons hábitos – e até ótimos, como ser são-paulino (leia post anterior) – que tenho, o responsável foi meu avô Nei. Comecei acompanhando-o, ainda menino, quando íamos do seu prédio em direção à chácara que ele tinha aqui em Londrina. Achava o máximo, seguir o meu avô, que era e é um ídolo para mim. Conforme fui crescendo e já com o gosto estabelecido, sempre corri. Muitos aderem à corrida por ser uma atividade aeróbica, ótima para a saúde e também para manter as medidas, como é também o meu caso. Mas, como falado acima, uma boa corrida pode ser bem mais. É um momento seu, consigo mesmo e com a natureza. A corrida à qual me refiro é a corrida de rua, não a de esteira. A graça é percorrer lugares, ver árvores, passarinhos, o céu azul, ou a calma da noite. Tudo o que está à nossa disposição.

Esqueça o fone de ouvido, como também receita o vô Nei. Ele pode até te animar, mas vai desfocá-lo do mergulho interior. Vá sozinho, curta-se. Esteja livre para, no percurso, refletir sobre o que desejar. O caminho é seu. Se preferir não pensar, melhor ainda. Já somos mergulhados demais em pensamentos. Deixamos de ver o mundo, as belezas em cada canto. Após insistir nos primeiros minutos, que podem ser um tanto pedantes, sugerindo que desista ou comece a andar, continue e veja a satisfação posterior, também o sangue percorrendo o seu corpo, que o torna mais vivo e nos faz refletir melhor. Se anda irritado, ansioso, estressado, perceba as sensações do seu corpo mudarem. Entrará em outra sintonia, cuidando de si, estando consigo e com o que para você é importante.

Não haverá ninguém dizendo o que precisa fazer; você estará no comando. Sabendo o que a corrida lhe traz de dificuldade, será então, muito satisfatória. Verá como é boa a sensação de produzir o próprio suor, que mais parecerá o seu corpo renovando suas energias, e evocando a endorfina, que emanará uma profunda sensação de bem-estar. Já li matérias colocando a corrida como um dos principais combatentes da depressão e da ansiedade, e posso dizer, realmente é! Se você mora em uma cidade como Londrina, minha terra, linda por natureza, não há desculpa para não colocar um tênis e dar uma chance à corrida. No meu percurso, vou contemplando os lagos Igapó, o Zerão, e todas as belezas que temos aqui, amostras distintas da vida cotidiana, o essencial esquecido e fortaleza de esperança aos doídos tempos.

Não se esqueça da máscara! Ao passar por alguém, esteja com ela colocada corretamente. No mais, aproveite o ar puro e o que estar ali, com você mesmo, tem a proporcionar. Seja agora na pandemia, seja em diante, uma coisa garanto-lhe: a corrida sempre vai ajudá-lo. Com ela, só benefícios: mais saúde, mais bem-estar, autoestima, controle do peso e gordura corporal, momentos únicos que testemunham a vida, o viver. Dê uma chance e diga-me se minto nesta crônica. Apesar dos piores pesares, e até em função deles, surgem estas maneiras relativamente simples e altamente benéficas de nos manter mais firmes e fortes, com disposição e fôlego para seguir bem. O desafio está lançado. Boa corrida a todos!

A clássica vista do lago Igapó 2, cartão-postal de Londrina, e uma das exuberantes paisagens de quem corre na cidade (foto: Ana Paulo Cavalheiro)

Publicado por Fábio Blanco

Jornalista, natural de Londrina (PR), que quer explorar o que o encanta no mundo através da escrita. Apaixonado por futebol, música e pelas belezas do cotidiano, em detrimento das suas regras e poderes. Humano, acima de tudo.

2 comentários em “Todas as graças que quem não corre nunca vai saber se não começar

  1. Oi Fábio, isso aí garoto, a corrida é um ótimo exercício, libera endorfina e elimina o estresse . Como meu joelho não aguenta mais , faço caminhada que é um bom consolo . Abraço ao seu Nei , já sabia da fama dele de corredor. Inté

    Curtido por 1 pessoa

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