O Dia Internacional da Mulher, celebrado na última segunda-feira, me faz lembrar de tantas mulheres especiais com quem convivo e convivi, e que por suas grandezas só podem me indignar diante do absurdo das desigualdades sociais para com os homens. Não há como não lembrar os versos de Erasmo Carlos em “Mulher (Sexo Frágil)”, em que começa:
“Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas…”
Como Tremendão, todos sabemos como é contar com sua notável presença. A minha primeira e absoluta, Sílvia – minha mãe -, foi quem me cobriu de amor e fez ver a importância de passá-lo à frente. Em todas as horas, lá estava ela, cuidando de mim e do meu irmão, sempre preocupada e nos fazendo sentir as pessoas mais importantes do mundo. Para ela, nós somos mesmo. O ato de colocar a mão na nossa testa a partir de uma simples tosse ou queixa de dor de garganta ou cabeça, com a seguinte pergunta “está com febre?” – ainda mais nesses tempos de pandemia – é uma marca registrada. Intercalando às funções de mãe, ela trabalhava como advogada, nunca deixou faltar nada em casa, lembra-nos frequentemente de compromissos e está sempre pronta para uma conversa de mãe para filho – seja ela de qual conteúdo for.
Dos últimos anos pra cá, acrescentou mais habilidades ao seu supercurrículo, tornando-se ceramista e também empresária, já que começou a produzir as próprias peças e abriu uma empresa com suas três sócias mulheres. Foi o encontro inevitável da Ziza, seu apelido e assinatura que leva às peças, com a arte que sempre esteve com ela, desde quanto pintava utensílios, ainda criança. Seu tempo anda precioso, mas suficiente para cuidar de cinco marmanjos que tem em casa – dois filhos, o marido, o pai e o cachorro. Sou fã incondicional desta mulher que é cheia de força e inspiração – não à toa, batizou sua marca de Inspira Cerâmica. Todos os seus dons e sensibilidade me rememoram outra mulher inesquecível, essencial na minha vida e que, todos os dias, me faz falta.
Dona Marisa, mãe da Sílvia, exercia com louvor todas as funções de avó e ainda mais: era a minha melhor professora, e certamente a que mais queria o meu sucesso. Importante professora de português e inglês aqui em Londrina, ela me recebia semanalmente em sua casa para me dar reforços nestas matérias e em quais mais eu necessitasse. Que viessem geografia, história, filosofia e até música! Dona Marisa me pegava e só me largava com a segurança de que eu havia fixado a matéria do dia. Tinha uma cultura descomunal moldada por muita leitura, avidez de conhecimento e natureza cosmopolita. Não há como não me lembrar das tardes em que eu chegava no seu apartamento, quase como um zumbi mirim que só pensava em dormir depois de uma manhã toda na escola, e receber logo a cobrança:
– Pode parar com isso, Fábio. Vai lavar o rosto, come uma banana e volta pra cá pra começarmos a estudar!
Com ela, não tinha conversa. Até terminarmos os estudos. Depois, a exigente professora saía de cena e ficava somente a amável avó, que me preparava um lanche delicioso e que ficava batendo papo comigo, até a hora da minha mãe ir me buscar. Quanta saudade eu tenho da vó Marisa, que já se passam 11 anos que não está mais conosco. Isso presencialmente, pois penso e sonho constantemente com ela. Inclusive, com toda a certeza, é a grande responsável pela minha facilidade em escrever e com a língua portuguesa, que culminou também na minha escolha profissional pelo jornalismo. Uma pessoa e uma mulher sem precedentes, que faz minha alma toda ser só saudades.
Outra mulher única que habita o meu dia a dia é a Edna, há muitos e muitos anos a doméstica da família, que também transcende suas funções para ser uma verdadeira cuidadora de todos nós. Da chácara onde mora em Guaravera, a 40 km de Londrina, ela levanta todos os dias pouco mais de 4h da manhã, para chegar aqui, pouco mais de 6h. Na nossa casa, é ela quem cuida de tudo, inclusive das plantas de que zela com esmero e do seu companheiro de todas as horas, Paco, nosso cachorro que não vê a hora de ela ligar uma mangueira para mirar na sua cara um baita jato d’água. No meio de tudo isso, dona Edna, como eu carinhosamente a chamo, já me tirou de apuros em momentos que precisei e foi quem me deu o pontapé na bunda para a criação deste blog. Por tudo, dona Edna, sou sempre grato a você!
Infelizmente, não podemos conviver a todo momento com todos que amamos, mas podemos sim destiná-los cadeiras cativas em nossos corações. Assim eu faço com a minha amiga de sempre, Biatriz – que na verdade é Beatriz, que chamo assim em memória da nossa saudosa professora de matemática da quinta e sexta série, Pacola, que até escrevia seu nome com i! Biatriz e eu nos conhecemos desde os dois anos de idade, quando entramos na escola juntos, já fadados a uma amizade duradoura. Nossas mães eram amigas de faculdade, e os laços permaneceram por toda a vida. Nos separamos no colegial, quando ela mudou de colégio, mas nunca perdemos o contato. Ela sempre me amou muito, e eu a ela. Hoje, Biatriz é uma professora de Yoga e terapeuta holística maravilhosa aqui em Londrina, o que não me surpreende pela pessoa incrível que sempre foi. Vibro sempre que vejo cada conquista dessa minha amiga das fraudas, de quem estou sempre com saudades e ansiando em encontrar.
Ao contrário de Biatriz, Paulinha entrou na minha vida há pouco mais de seis meses, e tem comigo uma relação diária. Quando não estamos juntos, nos falamos por mensagens, eu sempre querendo estar mais perto dela e da sua intimidade. Minha namorada, Paulinha me parou com sua beleza e seu jeito de ser, e me conquista todos os dias com seu lado humano que rapidamente a une a todos de quem se aproxima. Psicóloga altamente dedicada e competente, tem paixão pela fotografia e simplesmente lotou minha galeria de fotos do celular com poucos meses de namoro. O que por sinal não é uma reclamação, e sim um agradecimento a este destino! Com ela, sinto desde o começo aquilo de querer ser melhor e estar ali para tudo e sempre. Obrigado, meu amor, por me ensinar isso com toda a disposição e por construir comigo esse amor que sempre sonhei. Quando digo que é minha musa inspiradora, não é uma conquista barata.
Poderia citar tantas outras mulheres que admiro e que amo ter na minha vida. Sendo homem – sem querer promover estereótipos, que não estão com nada – percebo diversas vezes a importância e os diferenciais da mulher, em tudo que faz. Admiro sua inteligência – que transcende a razão e conhece a empatia -, sua determinação, sua fé e força que, vamos nos juntar a Erasmo e assumir, está mesmo com elas. Desejo, do mais profundo, o quanto antes possamos ver na nossa sociedade a justiça que elas merecem, e que lhe foram tiradas não por limitações suas, pelo contrário – através das mazelas de homens necessitados de olhares e gestos como o seu. Comecei, termino com Tremendão:
“…Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10
Sou forte, mas não chego aos seus pés”
Minha mãe, artista e advogada Sílvia Minha avó e professora da vida Marisa Ela pajeava o Lion (foto), hoje mima o Paco: dona Edna! Minha amiga há quase 30 anos Biatriz Meu amor viajando comigo, Paulinha
Oiee Fábio, muito sensível e gostoso de ler o seu texto ! Gostei demais. Parabéns
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Fala, meu amigo! Muito obrigado, Rui! Tamo junto, abração pra você!!
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