A data de hoje, 25 de janeiro, é pesada no calendário brasileiro. Para mim, particularmente, é muito especial. Claro, pelo aniversário da maior cidade do nosso país, nossa São Paulo, da qual tanto gosto e onde tenho grandes amigos, de onde saem tantas coisas, que nos inspira e impulsiona também o Brasil. Além da fundação de Sampa, comemora-se hoje o Dia da Bossa Nova, que não coincidentemente, é também o aniversário de nascimento do compositor brasileiro Tom Jobim.
O Antônio Brasileiro. Tom se chamava Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, e fez por merecer a alcunha. Dentre tantas entrevistas que já assisti do maestro, nunca me esqueço de uma em que ele disse, com a sagacidade que lhe era característica: “eu sou brasileiro, então faço música brasileira. Se fosse norte-americano, faria música norte-americana”.
Parece óbvio, mas não é. Tom Jobim colocava brasilidade e beleza em suas composições talvez como nenhum outro. Através delas é possível imaginar um cenário, certamente brasileiro e provavelmente o Rio de Janeiro, composto por suas belezas naturais, a fauna e a flora virgens ainda da infância de Tom no Rio. Tudo ele injetou na sua música, que ganhou a admiração de todo o mundo e ajudou a alçar o Brasil no mais alto patamar da música mundial.
Com ele, tantos nomes notáveis, como seus parceiros da criação da Bossa Nova, João Gilberto e Vinicius de Moraes. O primeiro deu a cara ao estilo, com seu toque de violão único e revolucionário. O segundo, já conhecido internacionalmente como diplomata e poeta, mostrou ser multifacetado artisticamente compondo também canções, que fez em parceria com Tom e que levou a tantas composições maravilhosas e eternas.
Tudo começou com Chega de Saudade, canção belíssima do disco Canção do Amor Demais, cantado por Elizeth Cardoso junto aos três compositores, lançado em 1958, estremecendo a música brasileira e influenciando fortemente nomes que vieram em seguida, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros. A Bossa Nova era diferente de tudo que havia, era repleta de encanto e otimismo, acompanhando os acontecimentos nacionais da época.
O Rio de Janeiro se embelezava e influenciava o Brasil, que ganhava sua nova capital Brasília que cresceria 50 anos em cinco. A zona sul carioca era o epicentro da criação, com encontros dos compositores regidos por violão e garrafas de uísque. Em Ipanema, na esquina da Prudente de Moraes com a Vinicius de Moraes – assim denominada após a morte do poeta -, passava a garota de Ipanema que virou canção, em 1962, e logo estaria sendo cantada em todos os idiomas, eternizando-se.
Fiquei muito emocionado quando fui até lá, mais de 10 anos atrás, e também na casa em que Tom morou a poucos metros do bar, na rua Nascimento Silva, 107, também referida em Carta ao Tom 74, em que Vinicius, em parceria com Toquinho, rememora esses anos dourados no Rio de Janeiro, que ganhou luz para o mundo. Eu nasceria décadas depois, em 1990. Quando faria ideia de que o meu amor na música já havia sido feito bem antes?
Sim, já pensei que nasci na época errada. Mas, nasci na época em que toda essa obra já está pronta, para deleite. Lamento não ter visto Tom, Vinicius e João Gilberto de perto, este último falecido mais recentemente. Nas minhas possibilidades, fui até eles e vou até eles sempre que posso, porque me relembram que a vida é bonita, apesar dos pesares. Que há amor, que há mar, violão, amigos, que sou brasileiro, e disso devo me orgulhar. Muito por causa desses nomes de antes de mim, e que estão comigo sempre.

Fabio, a sua forma de escrever faz com que eu me transporte para a época da Nossa Nova. Naquela época eu nem tinha o ouvido tão afinado como hoje.
Parabéns pelas suas matérias, estou amando! Sucesso pra você sempre!
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Querida Nanci, não sabe como fico feliz com o seu comentário! Obrigado de coração, fico contente que esteja gostando. Obrigado por seguir o blog, espero vê-los em breve. Abração aqui de Londrina pra vocês!! =))
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Ki lindo!
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Valeu, Ricardo!!
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